Bancos estão a reduzir spreads nos créditos habitação: porquê?

Tendência surge para compensar a subida abrupta das taxas de juro e atrair mais famílias para contratar créditos habitação.
28 jun 2023 min de leitura

Há cada vez menos famílias a pedir crédito habitação para comprar casa em Portugal, dada a subida dos custos de financiamento por via do aumento dos juros. É neste contexto que os bancos estão a oferecer condições mais vantajosas nos empréstimos bancários, mediante a redução dos spreads. Muitos bancos residentes em Portugal já apresentam mesmo spreads abaixo de 1%, que podem descer até 0,75% com bonificação máxima.

Hoje, assiste-se a um movimento de redução de spreads - ou seja, da margem de lucro dos bancos – face ao que se verificava nos últimos anos. Esta tendência surge para compensar a subida abrupta das taxas de juro e, desta forma, atrair mais famílias para contratar créditos para comprar casa. Esta é uma realidade visível na Caixa Geral de Depósitos, no Santander, no BCP, entre outros bancos.

Esta tendência já foi mesmo identificada pelo próprio Banco de Portugal (BdP). Foi observada uma “ligeira redução dos spreads em empréstimos para habitação de risco médio (…) contrabalançada por um ligeiro aumento das comissões e outros encargos”. E foram os “custos de financiamento e as pressões concorrenciais que contribuíram ligeiramente para reduzir os spreads em empréstimos de risco médio”, explicou ainda o regulador no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito de abril de 2023.

“A partir do momento que as taxas Euribor começaram a subir e os bancos a ganhar dinheiro com as carteiras de crédito, os bancos começaram a reunir condições para reduzir a sua margem, neste caso os spreads. Logicamente, as melhores condições são oferecidas aos melhores perfis, os quais apresentam menor risco de incumprimento”, explica Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.

Portanto, para aceder aos spreads mínimos oferecidos pelos bancos e baixar a prestação da casa é preciso passar na análise ao perfil de risco de crédito feita pelos bancos e ainda contratar produtos complementares, como seguros, domiciliação de ordenados, cartões de crédito ou até contas poupança. Há vários bancos que também oferecem descontos no spread caso se trate da compra de uma casa sustentável. Importa salientar que, por isso mesmo, nem sempre o crédito habitação com o spread mais baixo é o mais barato, uma vez que tem de se somar os custos destes produtos complementares.

 

Procura por crédito habitação baixa com subida de juros

A aposta da banca na redução dos spreads surge num momento em que a queda na procura de crédito habitação em Portugal é bem visível. Em abril, o montante total de empréstimos para habitação era de 99,6 mil milhões de euros, menos 0,1 mil milhões do que no final de março. Este valor está a cair desde dezembro de 2022, revelam ainda os dados do BdP.

A justificar esta queda na procura por créditos habitação está a subida de juros. "O nível geral das taxas de juro contribuiu fortemente para reduzir a procura de empréstimos à habitação”, lê-se no inquérito do regulador liderado por Mário Centeno. E a tendência esperada é que continue a observa-se uma redução dos empréstimos da casa no nosso país.

Por detrás da subida abrupta das taxas de juro nos empréstimos da casa – nomeadamente das taxas Euribor – estão as decisões de política monetária do Banco Central Europeu, que voltou a subir as taxas de juro diretoras, atingindo os 4% em junho, sob a promessa de descer a inflação à meta de 2%.

Com as subidas dos juros diretores levadas a cabo por Christine Lagarde, as taxas Euribor estão em máximos dos últimos anos, estando as taxas diárias da Euribor a 12 meses já superiores a 4% e a 6 meses cada vez mais perto deste patamar. Por isso mesmo, a percentagem de novos empréstimos habitação com o prazo mais longo tem vindo a cair, representando apenas 25% dos novos contratos em abril (um ano antes representava mais de 60%).

Em contrapartida, os bancos estão a apostar mais na oferta da Euribor a 6 meses (58% em abril) e até na Euribor a 3 meses (14%), pois conseguem, assim, assegurar a concessão de crédito habitação (já que as taxas são mais baixa), ao passo que a revisão da prestação da casa e a consequente subida dos juros passará a refletir-se mais rapidamente nas suas margens de lucro.



Fonte: Idealista News
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