BCE mantém juros inalterados no patamar dos 4% até março

Esta é a 3.ª vez que o regulador liderado por Lagarde decide manter os juros entre os 4% e os 4,75%. Inflação está perto dos 2%.
26 jan 2024 min de leitura

Pela terceira vez consecutiva, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu voltar a manter as três taxas de juro diretoras inalteradas na reunião de política monetária desta quinta-feira, dia 25 de janeiro. Assim, os juros do BCE vão ficar inalterados no patamar entre os 4% e os 4,75%, pelo menos, até dia 7 de março, a data da próxima reunião de política monetária. Já os cortes dos juros do BCE só deverão ocorrer no verão deste ano (e não antes), estando dependentes da evolução da inflação, dos salários, assim como dos conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.

Depois de ter subido as taxas de juro 10 vezes seguidas ente julho de 2022 e setembro de 2023, elevando-os ao patamar dos 4%, o BCE liderado por Christine Lagarde decidiu manter os juros inalterados em outubro, tendo em conta transmissão da política monetária às economias europeias, bem como a redução expressiva da inflação subjacente na Zona Euro. E de lá para cá decidido manter os juros no atual patamar, à semelhança de outros bancos centrais do mundo, como é o caso da Reserva Federal norte-americana (Fed).

Apesar de "o efeito de base ascendente relacionado com a energia sobre a inflação global, a tendência decrescente da inflação subjacente continuou e os anteriores aumentos das taxas de juro continuam a ser transmitidos vigorosamente às condições de financiamento. As condições de financiamento restritivas estão a atenuar a procura, o que está a ajudar a reduzir a inflação", explicou o Conselho do BCE em comunicado.

Com a nova manutenção dos juros decidida esta quinta-feira, as três taxas de juro diretoras ficam nos seguintes valores, pelo menos, até dia 7 de março de 2024, data em que se vai realizar a próxima reunião de política monetária do BCE:

  • Taxa de juro das principais operações de refinanciamento fixa-se nos 4,5%, o valor mais elevado desde maio de 2001;
  • Taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez fica nos 4,75%, um valor igual ao registado em outubro de 2008;
  • Taxa aplicada à facilidade permanente de depósitos situa-se em 4,00%, sendo, ainda assim, o maior valor alguma vez registado.

Esta manutenção dos juros decidida nas últimas três reuniões do BCE está assente na redução da inflação na Zona Euro nos últimos meses, o principal objetivo do regulador. Muito embora esta taxa tenha decido até aos 2,4% em novembro de 2023, a inflação na Zona Euro subiu em dezembro para 2,9% (igualando o valor registado em outubro), por culpa da subida dos preços da alimentação, energia e bens industriais não energéticos. Além disso, esta subida da taxa também reflete "a eliminação de algumas medidas fiscais destinadas a amortecer o impacto dos elevados preços dos produtos energéticos", explicam.

Apesar da ligeira subida da inflação em dezembro, o Conselho do BCE continua a considerar que “as taxas de juro diretoras estão em níveis que, se forem mantidos por um período suficientemente longo, darão um contributo substancial" para que a inflação regresse ao objetivo de médio prazo de 2%, o nível em que é assegurada a estabilidade de preços, lê-se no mesmo documento.

"Espera-se que a inflação diminua ainda mais ao longo deste ano, à medida que os efeitos dos choques energéticos passados, dos estrangulamentos na oferta e da reabertura da economia pós-pandemia se desvanecem, e a política monetária mais restritiva continue a pesar sobre a procura", antecipam. 

Neste sentido, "as futuras decisões do Conselho do BCE garantirão que as suas taxas diretoras serão fixadas em níveis suficientemente restritivos durante o tempo que for necessário", sublinha, dando nota que as decisões vão continuar a ser baseadas na avaliação das perspectivas de inflação à luz dos dados económicos e financeiros disponíveis, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária.

Quando é que o BCE vai descer os juros?

No final da última reunião de política monetária que se realizou a 15 de dezembro, Christine Lagarde afirmou que “não discutimos nenhum corte nas taxas”, defendendo que este não é o momento de "baixar a guarda" na luta contra a inflação na Zona Euro.

Já no início de 2024, a presidente do BCE trouxe boas notícias, afirmando que as taxas de juro da Zona Euro atingiram o seu pico, depois de subirem face à elevada inflação no ano passado. “Salvo choques adicionais, as taxas não continuarão a aumentar”, garantiu Lagarde. E admitiu que o BCE só vai começar a descer as taxas de juro diretoras quando “tivermos a certeza de que a inflação estará nos 2%”.

Dias depois, Christine Lagarde já veio dar datas concretas, indicando que poderá haver reduções dos juros do BCE no verão de 2024, muito embora admita que decisão dependa da evolução de vários indicadores que não são ainda conhecidos, como a evolução da inflação e o possível impacto nos preços da energia da evolução da guerra no Médio Oriente. E esta quinta-feira a presidente do BCE voltou a sublinhar que considera "prematuro" antecipar os primeiros cortes dos juros para antes do verão.

O que Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal, conclui desta decisão do BCE é que “a direção das taxas de juro no futuro próximo é descendente, confirmando indicando que o ponto mais alto da curva já ficou para trás” - tal como disse Lagarde. E em segundo lugar, “que é o que mais nos preocupa atualmente, é o momento e a intensidade da descida das taxas. É evidente que ainda enfrentamos algumas pressões inflacionistas, sendo o maior receio nos bancos centrais a redução das taxas apenas para, posteriormente, terem de as aumenta, estando por isso a adotar uma abordagem cautelosa e a aguardar por uma confirmação sólida antes de iniciar a trajetória descendente”, conclui.

"Por outro lado, a desaceleração das principais economias europeias, juntamente com o seu impacto nos níveis de emprego, leva-nos a acreditar que a primeira redução está cada vez mais próxima. Se a economia continuar a enfraquecer e isso se refletir de forma definitiva nos preços, o BCE poderá até antecipar a medida antes do verão", reforça ainda Miguel Cabrita.

Fonte: Idealista News

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