Nova vaga de moratórias bancárias em Portugal com luz verde da Autoridade Bancária Europeia

Objetivo é aliviar o impacto da pandemia a empresas e particulares. Até setembro foram concedidas em Portugal mais de 750 mil moratórias.
04 dez 2020 min de leitura

Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) deu “luz verde” ao lançamento de uma nova vaga de moratórias bancárias, com o objetivo de aliviar o impacto da pandemia da Covid-19 a empresas e particulares – neste caso, a maioria das moratórias, em Portugal, é relativa a empréstimos para a compra de casa. A decisão foi tomada esta quarta-feira (2 de dezembro de 2020) e tem efeitos a partir de 1 de outubro até 31 de março de 2021. O Governo "congratulou-se", entretanto, com a decisão. 

Trata-se, segundo o Público, que se apoia num comunicado da EBA, de uma reviravolta face à decisão de setembro, quando a entidade decidiu suspender as novas adesões, obrigando os bancos a lidar com os incumprimentos caso a caso. A duração destas novas moratórias será de nove meses, ou seja, até final de setembro de 2021.

“Esta nova autorização da EBA dá margem aos governos e ao setor financeiro, através das suas associações, de reabrir as moratórias atuais ou lançar novas. Não são obrigados a fazê-lo, mas a pressão dos clientes e o interesse dos próprios bancos, deverá levar a esse desfecho”, escreve a publicação. De recordar que em Portugal, na discussão do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) na especialidade, o PSD aprovou o acesso às moratórias bancárias até final de março de 2021, mas condicionado à aceitação da autoridade bancária, o que agora acontece.

De recordar que e as moratórias de crédito permitem suspender temporariamente o pagamento das prestações, na vertente de capital e juros, ou apenas numa das componentes. Suspensão essa que não é classificada como crédito em incumprimento ou malparado.

A EBA explica, no comunicado, que “decidiu reactivar as orientações sobre as moratórias legislativas e não legislativas” e que “esta reativação irá garantir que os empréstimos, que antes não beneficiavam de moratórias de pagamento, agora também possam beneficiar” das mesmas. 

Além disso, os bancos poderão continuar a assegurar o fluxo contínuo de empréstimos, garantindo que “os empréstimos problemáticos sejam bem refletidos nos seus balanços”. Por essa razão, foram introduzidas “duas novas restrições”: os empréstimos que acedam às novas moratórias só poderão beneficiar de uma suspensão de reembolso de nove meses no total e os bancos devem definir planos para avaliar se esses empréstimos são susceptíveis de incumprimento.

Em Portugal, aderiram às moratórias mais de 700 mil clientes, particulares e empresas, sendo que as moratórias públicas estão em vigor até 30 de setembro de 2021. A moratória pública abrange empréstimos à habitação e educação e às empresas, e estes casos não sofrem alterações face ao que foi decidido agora pela EBA, escreve o Público.

No caso das moratórias privadas, e ao contrários das públicas, apenas estão em vigor até 31 de março de 2021. Na moratória da ASFAC, que agrega as instituições de crédito especializado (ao consumo), o prazo de adesão terminou a 30 de junho, e a sua duração terminou, em algumas instituições, a 30 de setembro, e outras prolongaram-na até 31 de dezembro de 2021, explica a publicação.

Governo aplaude decisão da EBA

Ministério das Finanças disse, entretanto, estar satisfeito com a decisão da EBA. Decisão essa que foi de imediato aceite pelo ministério tutelado por João Leão, que anunciou que irá promover as necessárias alterações à moratória pública bancária no sentido de prolongar as adesões à moratória até 31 de março de 2021. No caso de Portugal, recorda o Público, as Finanças aceitaram já esse repto em relação à moratória pública, que abrange crédito à habitação, educação e crédito às empresas.

Em comentário à medida, o ministério diz que a decisão da EBA "reflete o reconhecimento de que a segunda vaga da pandemia continua a provocar desafios e constrangimentos de liquidez à economia, em particular às famílias e empresas dos Estados-Membros".

Deco deixa aviso

A reabertura da janela do período de adesão às moratórias é uma boa notícia para muitas famílias, mas a Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor alerta para o facto destas apenas adiarem o pagamento dos empréstimos aos bancos. "Não há aqui perdão de dívida", avisa Natália Nunes, do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado da Deco, citada pelo ECO.

Segundo a responsável, é importante deixar claro que solicitar uma suspensão das prestações pode trazer mais custos no futuro. "As famílias devem ter a consciência de que ao estarem a pedirem uma moratória apenas estão a adiar o pagamento e nada mais que isso", lembra, salientando que este é um aviso já deixado anteriormente pela Deco e que muitas famílias não sabem ainda hoje as condições previstas nas moratórias.

Natália Nunes recomenda, nesse sentido, todos os interessados a recorrerem à moratória a ponderarem bem antes de o fazerem, já que podem estar a incorrer numa penalização de "pagar juros sobre juros" se solicitarem uma suspensão total da prestação, escreve a publicação.

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