Empréstimo da casa facilitado: taxas de esforço serão revistas

Banco de Portugal está a estudar alterações no cálculo da taxa de esforço, que devem avançar ainda este ano.
03 jul 2023 min de leitura

Há mudanças à vista na concessão de novo crédito habitação em Portugal, de forma a permitir que mais pessoas possam recorrer a financiamento bancário na hora de comprar casa. Em causa estão alterações no cálculo da taxa de esforço, que devem avançar ainda este ano, revelou a vice-governadora do Banco de Portugal (BdP), Clara Raposo.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, a responsável adiantou que em discussão está a possibilidade de o nível de stress extra aplicável nos testes baixar dos atuais 3%, visto que quando a medida foi criada, em 2018, as taxas de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE) estavam negativas – subiram 400 pontos base entre julho de 2022 e junho de 2023.

“Faz sentido revermos a recomendação macroprudencial e temos agora aqui este período do verão e uma melhor capacidade de previsibilidade da evolução futura das taxas de juro”, disse Clara Raposo.

Segundo a vice-governadora do BdP, o supervisor bancário está atento à situação “no sentido de baixar um pouco o choque extra". E, se isto for feito, “em princípio teremos mais famílias que poderão vir a aceder a crédito”, acrescentou, citada pela publicação.

Relativamente ao volume de crédito malparado na habitação, Clara Raposo mostrou-se, para já, algo otimista: “Ainda não encontramos um número que nos preocupe assim muito quanto a incumprimentos ou dificuldades das famílias em cumprir as suas obrigações”. 

BE e PCP querem medidas mais fortes 

Em reação a este anúncio, a líder do BE disse que o problema dos preços da habitação não se resolve com o aumento da taxa de esforço, tendo criticado os lucros dos bancos e defendido a descida das taxas de juro.

“Não se resolve o problema da habitação só aumentando a taxas de esforço porque isso quer dizer simplesmente que o BdP deixa que as pessoas fiquem ainda mais com a corda ao pescoço”, afirmou Mariana Mortágua em Torres Novas (Santarém), tendo defendido que o problema só se resolve “quando os bancos forem obrigados a renegociar os créditos habitação, baixando as taxas de juro que neste momento estão a ser cobradas às pessoas”.

Em declarações aos jornalistas, a líder bloquista, que reagia às declarações de Clara Raposo, disse que em julho, “quando for feito um novo aumento da taxa de juro”, haverá “pessoas que podem estar a pagar mais 200, 300 euros pela prestação da casa”. “Há pessoas que tinham uma prestação de 300 euros e que agora passou para 700 euros, acrescentou. 

Para Mariana Mortágua, “os bancos têm de ser obrigados a negociar, têm de ser obrigados a baixar a taxa de juro que é cobrada aos clientes, e quem tem de pagar esses custos não são os contribuintes”. “Quem tem de pagar esse custo são os próprios bancos que estão a declarar 10 milhões de euros de lucros por dia e que têm margens financeiras em Portugal dez vezes mais que em qualquer outro país da Europa”, concluiu.

Do lado do PCP, o secretário-geral defendeu, também, que o acesso à habitação não se resolve com o aumento da taxa de esforço nos empréstimos, mas sim com o aumento dos salários e das pensões.

“O BdP parece que vai mexer na taxa de esforço para que seja possível mais gente aceder ao crédito, mas o problema de cada um de nós e do país não são as taxas de esforço – são o preço das casas e os vergonhosos lucros que a banca arrecada”, salientou Paulo Raimundo.

Segundo o líder comunista, não está em causa “um problema de taxa de esforço”, mas sim “de salários e pensões baixas”. “É isto que é preciso resolver e não andar com manigâncias, porque isso não resolve problema nenhum”. 

Fonte: idealista News

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