Nova subida dos juros diretores? BCE diz que é “bastante improvável”

Perspetivas otimistas nascem da descida da inflação na Zona Euro em novembro. Primeiros cortes dos juros devem acontecer em 2024.
07 dez 2023 min de leitura

A inflação na Zona Euro continua a descer, estando cada vez mais perto do objetivo dos 2%. E esta trajetória tem-se revelado uma “agradável surpresa” para os mercados monetários. Isto porque os números mais recentes da inflação, que deverá fixar em 2,4% em novembro, “tornou uma nova subida de taxas de juro bastante improvável”, avançou Isabel Schnabel, membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu (BCE). Mas alertou que as taxas de juro devem manter-se restritivas o tempo que for necessário, até porque a reta final de descida da inflação antecipa-se “difícil”. Já o mercado aposta na primeira descida dos juros diretores em 2024.

estimativa rápida do Eurostat apontou para uma nova descida da inflação da Zona Euro em novembro: "A inflação anual deverá ser de 2,4% em novembro de 2023, abaixo dos 2,9% em outubro", revelou no passado dia 30 de novembro. E também a inflação subjacente - que não inclui os componentes mais voláteis, como a energia, alimentação, álcool e tabaco - deverá fixar-se nos 3,6% em novembro, recuando face à de 4,2% de outubro.

Esta nova descida da taxa de inflação em novembro foi uma "surpresa agradável" para Isabel Schnabel, que considerou mesmo que, tendo em conta estes novos números, tornou-se “bastante improvável” haver uma nova subida das taxas de juros diretoras pelo regulador europeu.

“O número mais recente da inflação tornou uma nova subida de taxas de juro bastante improvável”, diz Isabel Schnabel, membro da Comissão Executiva do BCE

De qualquer forma, pediu “prudência” e defendeu que as taxas diretoras devem permanecer em níveis suficientemente restritivos durante o tempo necessário. Isto significa que na próxima reunião de política monetária agendada para dia 14 de dezembro, o BCE deverá apostar numa manutenção dos juros diretores nos atuais patamares de 4%.

Portanto, as estimativas provisórias da inflação da Zona Euro ajudaram a mudar o rumo do discurso do BCE, que há cerca de um mês ainda considerava a opção de haver uma nova subida dos juros diretores. Recorde-se que há cerca de duas semanas, Isabel Schnabel considerava que era cedo para “declarar vitória contra a inflação”, muito embora admitisse que “estamos no caminho certo”.

“A nossa política monetária restritiva atual continua apropriada” para que a inflação desça até à meta dos 2%, indicou na altura. Mas alertou que este é um caminho que leva tempo, até porque esta última fase de descida da taxa é considerada a “mais difícil” pelos membros do BCE.

Quando é que o BCE vai descer os juros?

As novas declarações da economista alemã Isabel Schnabel estão em linha com as atuais expectativas de mercado quanto ao rumo da política monetária na área euro, que antevêem que haja um corte nos juros já em 2024.

Este é o caso da Goldman Sachs: “Os nossos economistas esperam que o crescimento aumente e que o BCE comece a cortar as taxas. Não esperamos que estes cortes atinjam materialmente a receita da margem financeira em 2024, sendo a compressão da margem (e taxas médias mais baixas) um problema maior em 2025”, refere o banco citado pelo Jornal Económico. Além disso, os analistas da Goldman Sachs veem 2024 como um “ano de transição” para os bancos da área do euro, para um ambiente de “taxas mais baixas, com margens financeiras mais estáveis e comissões elevadas”.

Também o Deutsche Bank prevê que o primeiro corte nas taxas diretoras ocorra em abril de 2024- e não em junho, como havia previsto anteriormente -, apontando ainda um “risco significativo de corte” em março. No total, antecipa uma flexibilização das taxas de juro de 150 pontos base até ao final do ano, escreve a Bloomberg. Assim, a taxa de refinanciamento cairia para os 3% no final de 2024 (hoje está em 4,5%).

Já o Bankinter diz que vai haver os primeiros cortes das taxas de juro na segunda metade de 2024. “Não acreditamos que haverá uma descida das taxas de juro antes do verão do próximo ano e possivelmente poderá até ocorrer no final do ano”, disse Jacobo Díaz, diretor financeiro do Bankinter, depois de defender que a atual situação das taxas é “normal” e não "alta".

“Acredito que agora estamos numa fase em que as taxas de juro [dos empréstimos] vão evoluir, mas de uma forma mais razoável. Já passámos o primeiro golpe de aumento das taxas, já passámos a primeira grande reavaliação dos créditos habitação e agora vamos esperar que esta taxa de juro se modere”, afirmou Jacobo Díaz.

As expectativas do mercado passam, assim, pelos cortes dos juros do BCE em 2024. Mas em que medida? Os indicadores apontam para que, durante o próximo ano, o BCE realize já um corte de 1,25 pontos percentuais na sua principal taxa de juro de referência, que está agora nos 4%, com a primeira descida de 0,25 pontos a ser efetuada logo em março, escreve o Público.

Os mercados admitem ainda que há uma probabilidade de quase 90% de o ciclo de flexibilização da política monetária começar no primeiro trimestre de 2024, lê-se ainda na Bloomberg. E, se os investidores estiverem certos, o BCE será o primeiro entre os principais bancos centrais a cortar as taxas no próximo ano e deverá ainda proporcionar um ciclo de flexibilização mais agressivo. Já nos EUA, onde a inflação abrandou para 3,2% em outubro, a Reserva Federal (Fed) deverá avançar com o primeiro corte dos juros em maio e reduzir as taxas em 125 pontos base no total do ano.

De qualquer forma, o BCE não confirma nem desmente a possibilidade de avançar com cortes nos juros no próximo ano, permanecendo com um discurso prudente quanto ao futuro. “Temos sido surpreendidos muitas vezes em ambas as direções. Portanto, devemos ser cautelosos a fazer declarações acerca de algo que irá acontecer dentro de seis meses”, alertou Isabel Schnabel, destacando alguns fatores de risco para o rumo da economia e da inflação na Zona Euro, como é o caso da subida dos salários, resistência na descida de preços pelas empresas e ainda o escalar dos conflitos armados na Ucrânia e em Israel.

Fonte: Idealista News

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