Euribor vai descer e aliviar prestações da casa

Juros vão voltar a descer e a estimular procura de casas à venda.
13 set 2024 min de leitura

Tudo indica que a Euribor vá continuar a descer nos próximos meses, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter avançado com um novo corte dos seus juros diretores esta quinta-feira, dia 12 de setembro. Isto quer dizer que as famílias que estão a pagar créditos habitação a taxa variável vão sentir novos alívios das prestações. Mas não só. Quem está a pensar contratar um novo empréstimo para comprar casa irá pagar bem menos. Todo este cenário deverá incentivar ainda mais a procura por casas à venda, o que pressionará ainda mais os preços das casas em Portugal, se a oferta de habitação não acompanhar esta evolução, antecipam os especialistas ouvidos pelo idealista/news.

  1. Como vai evoluir a Euribor até ao final do ano? E em 2025?
  2. Como ficam as prestações da casa com as novas quedas da Euribor?
  3. Descida da Euribor vai pressionar preços das casas: como?

As taxas Euribor têm vindo a descer nos últimos meses, antecipando o corte dos juros do BCE em setembro que era tomado como certo. E a verdade é que o regulador europeu liderado por Christine Lagarde avançou mesmo com uma redução da taxa de refinanciamento em 60 pontos base, colocando-a em 3,65% na reunião de política monetária realizada esta quinta-feira, dia 12 de setembro.

“Como previsto, o BCE reduziu a taxa de juro, uma medida já refletida nas taxas Euribor. São boas notícias para quem tem um empréstimo habitação com taxa variável, pois verá na próxima revisão uma diminuição significativa na prestação mensal”, admite Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.

A verdade é que as taxas Euribor já têm vindo a descontar este corte dos juros do BCE, de tal forma que as taxas médias mensais caíram em agosto para todos os prazos para os seguintes valores:

  • Euribor a 12 meses: a média mensal de agosto foi de 3,166%, menos 0,36 pontos percentuais (p.p.) face a julho (3,526%);
  • Euribor a 6 meses: esta taxa mensal caiu para 3,425% em agosto, menos 0,219 p.p. do que no mês anterior (3,644%);
  • Euribor a 3 meses: a taxa do prazo mais curto passou de 3,685% em julho para 3,548% em agosto (-0,137 p.p.).

Estas recentes descidas da Euribor em agosto reduziram em dezenas de euros as prestações dos novos créditos habitação em Portugal (a taxa variável), tal como revelam as simulações do idealista/créditohabitação. E, se a trajetória da Euribor se mantiver nos próximos meses, as prestações vão descer ainda mais, incentivando a compra de casa em Portugal.

Euribor a 3, 6 e 12 meses: como evoluiu nos últimos anos?

Taxa média mensal desde maio de 2007 até agosto de 2024


200820102012201420162018202020222024−10123456%
Euribor 3 meses
Euribor 12 meses
Euribor 6 meses
Criado com Datawrapper

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Como vai evoluir a Euribor até ao final do ano? E em 2025?

Como as taxas Euribor já estão a antecipar o corte dos juros do BCE previsto para setembro (e, entretanto, confirmado), os analistas de mercado admitem que a evolução do indexante poderá ser mais lenta e gradual do que em agosto.

“Este corte [dos juros do BCE] já está largamente calculado pelo mercado, pelo que o efeito sobre a Euribor poderá ser limitado. Ainda assim, é provável que faça com que a Euribor continue a descer, embora talvez a um ritmo mais lento do que o registado no mês passado”, antecipam os analistas da Ebury Portugal. Por outro lado, "o facto de o BCE ter excluído quase por completo uma nova redução das taxas em outubro poderá levar a uma ligeira recuperação da Euribor a curto prazo, uma vez que, antes da reunião, os mercados estavam a prever a possibilidade de uma redução de 25 pontos base em outubro", acrescentam.

Ainda assim, as perspetivas sobre a evolução da Euribor até ao final do ano são otimistas. Vários analistas de mercado acreditam mesmo as taxas Euribor possam cair para 3% (ou até abaixo desse patamar), uma evolução que dependerá das decisões do BCE:

  • a Ebury Portugal admite que a Euribor se situe em torno dos 3% no fim do ano;
  • o idealista/créditohabitação: Miguel Cabrita admite que “é possível que tenhamos as taxas Euribor abaixo dos 3% ainda este ano, se a inflação continuar a baixar”.
  • a espanhola Funcas estima que a Euribor a 12 meses fique em torno dos 2,8% no final de 2024 e em 2,5% no final de 2025.

Há quem vá ainda mais longe nestas previsões do indexante. Segundo Filipe Garcia, economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, as projeções do mercado apontam para que a Euribor a 6 meses desça para 2,84% e Euribor a 12 meses para 2,74% até ao fim de 2024, cita o Dinheiro Vivo.

 

Como ficam as prestações da casa com as novas quedas da Euribor?

Os analistas de mercado antecipam, portanto, que a Euribor desça de forma gradual, fixando-se em torno de 3% até ao final de 2024. Esta evolução – a confirmar-se – vai refletir-se numa diminuição das prestações da casa, tal como mostram as simulações do idealista/créditohabitação, tendo em conta novos empréstimos habitação de 150.000 euros (com spread de 0,7% e prazo de 30 anos):

  • se a Euribor a 6 meses cair dos atuais 3,425 % (média mensal de agosto) para 3,25% significa que as prestações mensais vão descer dos atuais 727 euros para 711 euros (menos 16 euros);
  • se no final do ano a Euribor a 6 meses estiver em 3%, as prestações da casa serão de 690 euros. Isto quer dizer que se uma família contratar um crédito habitação a taxa variável no final deste ano pagará menos 37 euros de prestação mensal durante o semestre seguinte do que quem se antecipou e contratou o empréstimo da casa em setembro (que usa a média da Euribor de agosto);
  • se a Euribor a 6 meses cair para 2,75%, as prestações da casa vão fixar-se em 669 euros, menos 58 euros do que em setembro.

Enquanto os novos créditos habitação de taxa variável vão logo refletir as menores taxas Euribor, nos empréstimos da casa existentes a descida deste indexante vai ser sentida só quando as prestações da casa forem atualizadas trimestral, semestral ou anualmente. E a redução das prestações não será tão linear, uma vez que depende do ano do contrato e do montante em dívida.

Novos créditos habitação: quanto poderá descer a Euribor?

Euribor no caso A corresponde à taxa mensal em agosto
Casos B,C e D tratam-se de previsões da Euribor
Novo crédito habitação de 150.000 euros, com spread de 0,7% e prazo de 30 anos


Euribor a 6 meses (%)
Prestação da casa (euros/mês)
A
3,43
752
B
3,25
711
C
3
690
D
2,75
669
* Média da Euribor do mês anterior: um crédito habitação contratado em setembro de 2024 usa média da Euribor de agosto
Fonte: idealista/crédiohabitaçãoCriado com Datawrapper

Descida da Euribor vai pressionar preços das casas: como?

descida da Euribor vai ser refletida nos novos créditos habitação a taxa variável. E poderá, assim, incentivar a comprar casa, uma vez que o custo do financiamento bancário será mais baixo. E esta maior procura de casas à venda deverá pressionar ainda mais os preços das casas em Portugal (que continuam a subir embora de forma mais lenta), antecipam os analistas.

“As taxas de juro mais baixas podem estimular tanto a oferta, como a procura”, salienta Greg McBride, analista do Bankrate, citado pelo Dinheiro Vivo. “O melhor cenário é uma redução gradual nas taxas, em vez de uma queda abrupta que dê origem a uma onda de procura que a oferta não consiga acompanhar”, acrescenta. Este cenário seria refletido numa maior pressão sobre os preços das habitações no nosso país.

Também Eloy Bohúa, CEO da Planner Exhibitions, defende que a decisão do BCE “vai baixar a taxa de juro dos bancos. “Isto será um estímulo para o mercado imobiliário, tanto para os cidadãos que estão no processo de compra de casa (para quem o empréstimo sairá mais barato), como para os investidores, uma vez que a descida das taxas afeta a rentabilidade dos produtos de poupança e investimento”, acrescenta.

Além da descida dos juros estimular a procura de casas para comprar perante melhores condições de financiamento, Juan Antonio Mora, CEO do grupo JAMSA, acrescenta que “os bancos tenderão a oferecer melhores condições hipotecárias [não só a taxa mista, como hoje se verifica], ampliando o acesso ao crédito e facilitando a aquisição de habitação a mais pessoas”, antecipa o CEO do grupo JAMSA, admitindo que por tudo isto “é lógico esperar uma pressão ascendente sobre o valor dos imóveis, especialmente em zonas onde a oferta é limitada”.

 

“Num cenário de taxas mais baixas, a procura deverá subir e, com isso, arrastar os preços para cima, pelo que parece difícil que os preços caiam no segundo semestre nas grandes cidades, cujos mercados estão mais tensos e onde há maior falta de oferta adequada à procura", explica Carlos Balado, professor da OBS Business School e diretor da Eurocofín, ao idealista/news.

A verdade é que a descida dos juros no crédito habitação não é o único fator que pode estimular a compra de casas e, por conseguinte, a subida dos preços. A procura também poderá ganhar novo estímulo com a isenção do IMT e Imposto do Selo para a aquisição da primeira habitação pelos jovens até aos 35 anos, bem como pela garantia pública, tal como avançaram vários especialistas de mercado ao idealista/news.

Por outro lado, a redução dos juros também vai ter impacto positivo na oferta de habitação, criando “um ambiente mais favorável ao desenvolvimento e venda de empreendimentos imobiliários, ao reduzir o custo de financiamento para o promotor, o que gera otimismo no setor”, sublinha ainda o CEO do grupo JAMSA.  Ao confirmar-se uma expansão da oferta habitacional, o mercado imobiliário acaba por conseguir absorver este aumento da procura, atenuando a subida dos preços das casas.

Em Portugal, há outras medidas que vão ter impacto na criação de mais casas, como é o caso da redução do IVA na construção para 6% (que ainda está a ser desenhada), a disponibilização de imóveis públicos devolutos e ainda novos estímulos às cooperativas de habitação.

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